Machado de Assis nasceu na Ladeira do Livramento, no Centro do Rio de Janeiro em 1839. Negro, de ascendência africana e açoriana, cresceu na chácara de uma família de portugueses, com alguma oportunidade que a ampla maioria dos seus não chegou nem perto de ter.
Com 16 anos, passa a frequentar a livraria do jornalista e tipógrafo Francisco de Paula Brito, que publica alguns dos seus primeiro poemas e lhe dá seu primeiro emprego. Entre 1856 e 1858, começa como aprendiz de tipógrafo e revisor na Imprensa Nacional, onde contou com a ajuda e o incentivo de Manuel Antônio de Almeida, autor de Memórias de um Sargento de Milícias. Trabalha como repórter no Diário do Rio de Janeiro entre 1860 e 1867, além de colaborar com a variada e abundante imprensa da época, sobretudo como crítico teatral.
Em 1867, é nomeado diretor-assistente do Diário Oficial por D. Pedro II, o primeiro de diversos cargos públicos, seguido de ocupações no Ministério da Agricultura, do Comércio e das Obras Públicas. Seu primeiro romance, Ressureição, é publicado em 1872, seguido por A Mão e a Luva (1874), Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878), relacionados à escola romântica. Segundo a crítica consagrada, seu período realista tem início em 1881, com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, e segue com seus quatro derradeiros romances, Quincas Borba (1891), Dom Casmurro (1899), Esaú e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908).
Além dos romances, o autor produziu em torno de duzentos contos, uma dezena de peças teatrais, coletâneas de poemas e sonetos e pelo menos seiscentas crônicas. Sua obra, porém, não pode ser resumida como apenas romântica ou realista. Como vimos na antologia Medo Imortal (DarkSide® Books, 2019), ele também produziu histórias fantásticas e sobrenaturais, algumas delas entre os melhores escritos que saíram de sua pena. De certeza, sabemos apenas que Machado de Assis é um dos poucos autores transversais e fundamentais para a formação da literatura brasileira no século XIX, um escritor incontornável para aqueles que desejam compreender a nossa imensa e crescente produção literária, considerado hoje um dos mestres universais, ao lado de Dante, Shakespeare e Camões.