Século XVII. Abigail Hobbs tem catorze anos e mora com os pais na vila de Salem. Ela teve uma infância feliz, livre de preocupações, até que em um dia fatídico, aos treze anos, um evento inocente desencadeia uma série de desgraças para as jovens garotas da vila. Em Salem, novo lançamento da DarkSide® Graphic Novel, o autor francês Thomas Gilbert apresenta uma narrativa histórica sobre a caça às bruxas de Salem, evento que ressoa de várias formas na sociedade atual.

Salem é um mergulho fascinante e aterrador no universo estreito e opressivo da colônia de Salem, na Nova Inglaterra, Estados Unidos. Para criar este álbum, o quadrinista mergulhou nas raízes dessa história e, com o auxílio da ficção, amplificou verdades e vozes apagadas dos fatos e dos julgamentos das bruxas de Salem.

Uma obra altamente documentada permitiu que Gilbert, para além da narrativa dos fatos históricos, questionasse temas que ainda estão vivos e ardentes em nossa sociedade. Embora a graphic novel seja uma ficção baseada em fatos ocorridos há mais de três séculos, ela diz muito sobre o insidioso enraizamento do ódio no seio do sistema moral e judiciário das nossas sociedades ditas modernas ou progressistas.

Gilbert afirma na introdução que: “Meu intuito inicial foi mostrar como uma sociedade em crise muitas vezes recorre a bodes expiatórios para explicar seu sofrimento, e como membros ‘normais’ de uma comunidade podem ser gradualmente levados a aceitar o inaceitável. Salem é uma ilustração particularmente trágica desse paradigma”.

Com seus traços firmes e suas cores profundas e vibrantes, Gilbert aborda as questões dos massacres de povos indígenas, da hipocrisia religiosa, e de como a ignorância e a superstição aos poucos transformam cidadãos inofensivos em fanáticos violentos. Salem é um quadrinho raro, onde a ficção e a história se entrelaçam continuamente para contar um momento da humanidade em seu pior absoluto. O fogo dessa história não transforma tudo em pó e passado, ele é reacendido através de um resgate vívido e incandescente para que a verdade necessária renasça das cinzas.